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sexta-feira, 26 de abril de 2013

BRIGA DE SANTOS


OSWALDO: - Portanto, somente a Igreja Católica, por seu magistério infalível, é a autoridade capaz de determinar quais livros são ou não inspirados.

ANTÔNIO DOS REIS - "Magistério infalível"! Pare com isso moço. Isso é querer ser mais realista do que o rei. O tal ministério é tão "infalível" quanto aquele que adotaram como seu primeiro papa? Mesmo depois que Jesus restaurou Pedro, confiando-lhe o pastoreio das ovelhas, vemos o papel nada elogiável daquele intrépido apóstolo de Jesus. (Continua...)




São Paulo escreveu: E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. 

E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação Gl 2. 11-13. Já sei. Os “infalíveis” entenderam a dissimulação de Pedro como grande exemplo a ser copiado. Sobretudo, na mesma Bíblia que a Santa Igreja de Roma reconheceu como inspirada estão registrados comportamentos nada dignos da parte de grandes homens de Deus. Como exemplo maior cito Davi, ancestral de nosso Senhor Jesus, Nem é preciso citar os podres do rei Davi. Por acaso os “infalíveis” da igreja se julgam melhores do que Davi? Só pode!


RESTAUROU a Pedro de que?  E os demais apóstolos que fugiram vergonhosamente dos guardas do templo não precisavam também de restauração?

Como "crente" gosta de confundir as coisas!

O seu julgamento é um tanto sumário; em consciência não o posso subscrever. Instauremos novamente o processo: supõe que Pedro, pela sua tríplice negação decaíra  de sua dignidade de apóstolo. 

E a prova, Sr. Antônio dos Reis? 

Primeira asserção gratuita. 

Segunda asserção e essa não só destituída de provas senão absolutamente falsa, assegura que "a tríplice recomendação de Jesus RESTAUROU Pedro"

E, dado que dele tivesse decaído, até ali não havia sido reintegrado no múnus apostólico? Não foi Pedro o primeiro dos apóstolos a quem Jesus ressuscitado honrou com uma aparição singular? Mais: antes da cena a que se refere, descrita por S. João 21, conta o mesmo evangelista no capítulo anterior a aparição de Cristo a todos os apóstolos (exceto Tomé) na tarde do dia da sua Ressurreição, e as palavras que então lhes dirigiu: “Como o meu Pai me enviou assim eu vos envio a vós... Recebei o Espírito Santo, a quem perdoardes os pecados lhe serão perdoados, a quem os detiverdes lhes serão detidos”.  

Pedro favorecido por Cristo de uma visita particular, Pedro enviado por Cristo (apóstolo = enviado), Pedro investido do poder de perdoar os pecados... e Pedro ainda não havia sido restaurado na sua dignidade de apóstolo? Inadmissível!

Agora passemos ao "papel nada elogiável" deste admirável apóstolo.

Para os "crentes", no episódio, Paulo "vibra golpe mortífero na herança papal da INFALIBILIDADE de Pedro", em virtude do, alguns chegam a considerar o apóstolo São Paulo como o "campeão antipapal".

É até notável como por ocasião deste incidente timbram os antigos intérpretes em revelar a virtude e a autoridades de Pedro. "Pedro, diz AGOSTINHO, aceitou com santa e piedosa humildade a observação que utilmente lhe fizera Paulo inspirado pela liberdade do amor, deixando destarte aos pósteros o raro exemplo de se não dedignarem em ser corrigidos pelos inferiores onde quer que se desviassem do reto caminho: exemplo mais raro e mais santo que o deixado por Paulo aos inferiores que, por defender a verdade evangélica, ousarem resistir confiadamente sem lesar a fraterna caridade... Em Paulo louvemos a justa liberdade, em Pedro a santa humildade" (75. Epist., 82, n. 22 (ML, XXXII, 285-6). Cfr., também TEODORO DE MOPSUESTA, Epist. aos Galat., n. 20, 21; GREGÓRIO MAGNO, em Ezech., 1. 2, Hom. 6, N. 9 (ML, LXVII, 773).

"Como explicar a prevalência de exemplo tácita de Pedro sobre a pregação explícita de Paulo sem admitir a persuasão universal de que Pedro sobrelevava em dignidade a Paulo e a sua era a autoridade suprema na Igreja?

Assim que todos os argumentos coligidos pelos protestantes o primado de Pedro vêm, em última análise, confirmar a tese católica. Só falseando indignamente a significação das palavras e dos fatos da Escritura puderam apresentar aos seus leitores no procedimento de Paulo a atitude de um "campeão antipapal". 

Para colorir aos olhos dos leitores a legitimidade de tão descabelada conclusão era mister não só recorrer aos artifícios de uma exegese tendenciosa mas ainda passar em injustificável silêncio todos os trechos em que o grande apóstolo das gentes insinua inequivocamente o alto conceito em que tinha a dignidade e a primazia de Pedro. 

Chama-o quase sempre com o nome hebraico Cefas que lhe impusera Cristo como que a relembrar a alta função, que lhe fora confiada, de pedra fundamental da Igreja. Todas as vezes que menciona os apóstolos, a Pedro cede sempre o lugar de honra. "Cada um de vós diz: eu na verdade sou de Paulo e eu de Apolo e eu de Cefas e eu de Cristo". 

O clímax é evidente: Paulo, por modéstia, ocupa o último lugar, Cristo o primeiro, imediatamente antes de Cristo, Pedro. Talvez, os apóstolos são reunidos sob uma expressão coletiva, só Pedro é explicitamente nomeado numa saliência singularmente enfática: 'Acaso não Temos nós o direito de levar uma mulher irmã assim como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas?' "(Texto emprestado do livro "A IGREJA, A REFORMA E A CIVILIZAÇÃO" - Livro I - Capítulo I - §2 - Pg 58).

Para finalizar resta-nos perguntar:

O que têm a ver os pecados pessoais dos papas com o carisma da INFALIBILIDADE? Porventura este dom foi conferido ao Papa com a finalidade de exaltá-lo ou de preservar o depósito da fé? Pelo que resta observar sobre a fraqueza do primeiro dos apóstolos nada relaciona com uma declaração de verdade de fé, tal qual se encontra nas três epístolas deste admirável primeiro papa






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