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sábado, 13 de abril de 2013

OS MORTOS DE NADA SABEM...

E dizem que os mortos de nada sabem!!!!

UMA NUVEM DE TESTEMUNHAS A NOSSO REDOR


O autor da carta aos Hebreus compara a vida cristã a uma corrida num estádio em presença de uma "nuvem de testemunhas" (12,1) ou densa multidão de torcedores... Torcedores que são os justos do Antigo Testamento recordados no capítulo anterior e que são solidários conosco, pois formamos todos uma grande família; eles já correram o páreo com êxito e espreitam-nos com interesse fraterno:

"Também nós, com tal nuvem de testemunhas a nosso redor... corramos com perseverança para o certame que nos é proposto" (12, 1). 




Essa corrida será bem sucedida se, da nossa parte, houver perseverança (hypomoné em grego) ou paciência forte, heroica. É preciso ir até o fim, sem desanimar, sem ceder ao cansaço. O atleta que não vê o seu sangue correr, não é autêntico atleta, diziam os gregos antigos. A vida cristã é heroísmo discreto, sem alarde nem aplausos.

Os justos no céu torcem ou oram por nós
Mais ainda: a vitória final depende de rejeitar todo fardo do pecado que nos envolve (12,1). É necessário ser peso leve (sem o fardo do pecado), pois o pesado não consegue correr.

Ao atleta é proposto um eloquente referencial: a imagem do Cristo Jesus, o vitorioso por excelência: 

"... com os olhos fixos naquele que, em lugar da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e se assentou à direita do trono de Deus!".

E que alegria desprezou Ele? - A alegria de um messianismo meramente terrestre, em que haveria fartura material (pedras convertidas em pães), milagres cotidianos ("não te machucarás na queda"), imperialismo político ("Eu te darei todos os reinos da terra, se me adorares"). 

Em troca Jesus preferiu a glória celeste passando pela morte ao pecado e a ressurreição da nova criatura.

"Considerai, pois, aquele que sofreu tal contradição por parte dos pecadores, para não vos deixardes fatigar pelo desânimo. Ainda não resististes até o sangue no vosso combate contra o pecado" (Hb 12, 3s).


Estas considerações falam eloquentemente ao cristão de nossos dias. Lembram-nos que pertencemos a uma família de atletas, dos quais cada geração deve correr no páreo, tendo os olhos fixos no Cristo Jesus. A presente geração é um elo entre o passado e o futuro. Acha-se acompanhada por inumeráveis torcedores, que deram o suor e o sangue para que nós atualmente pudéssemos usufruir do patrimônio da fé e da comunhão com Deus. 


Lembram-nos que pertencemos a 
uma família de atletas

Que faremos nós de tal patrimônio? Vamos enriquecê-lo por uma vida santa e heroica de modo a beneficiar a posteridade? Ou vamos empalidecê-lo por uma conduta medíocre? Os justos no céu torcem ou oram por nós a fim de que, conscientes da nossa responsabilidade, não ousemos trair nossa nobre linhagem nem dilapidemos o patrimônio que herdamos. 

Temos, antes do mais, este dom que é o tempo, o qual custou o sangue de Cristo e as fadigas de heróis,... daqueles que o autor de Hb conhecia, mais aqueles que dois mil anos de Cristianismo reconhecem.

"Cercados por tal nuvem de testemunhas...", somos constantemente admoestados pelo Apóstolo: 

"Ninguém vive e ninguém morre para si mesmo, porque, se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor" (Rm 14,7s).

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

E ainda dizem os hereges que os mortos de nada sabem!

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